terça-feira, 29 de março de 2011

Honestidade e política

Morreu José Alencar Gomes da Silva, o ex-vice presidente. Um homem íntegro. Que jamais traiu suas crenças por conveniências políticas. Em nome delas contrariu parceiros e sócios. Perdemos um grande homem mas fica o imortal exemplo.


Discordo dos pessimistas. Sentenciam eles que, tal como água e azeite, política e honra não se misturam. Ao longo de mais de quatro décadas de jornalismo, boa parte delas observando a política e políticos, vi e convivi com exemplos de homens honrados. Aferrados a princípios, dos quais podíamos até discordar, mas inevitável que respeitássemos seus posicionamentos. Em Santa Catarina cito dois que foram oposicionistas irreconliáveis: Pedro Ivo Campos (do velho MDB) e Antônio Carlos Konder Reis pela Arena. Cada qual com seu estilo tinham estatura. Granjearam respeito dos seguidores e dos adversários.
Inconcebível imaginar que Pedro ou Antônio Carlos sequer ouvissem uma proposta menos digna. Sei de casos sobre ambos em que expulsaram violentamente a interlocutores que atropelaram minimamente as fronteiras daquilo que consideravam como inaceitável, conforme seus conceitos de ética e probidade.
Lutavam, venciam e perdiam eleições confrontando idéias e elegendo adversários. Preferiam perder a se verem no mesmo palanque com homens a quem consideravam indignos. Homens sim, porque naqueles tempos, exceto por pioneiras como Lígia Doutel de Andrade e Inge Colin, a política era seara exclusiva dos machos.
O retorno da democracia plena - acredito que dentro do processo de amadurecimento - propiciou nefasto esgarçamento de valores doutrinários, éticos e morais que, para o bem das próprias instituições hão de se findar pela qualificação acelerada do próprio conceito e responsabilidade da cidadania substantiva.
Esta semana acompanhei duas entrevistas com um político que pretende ser prefeito de Joinville. É um homem com boa biografia e qualificação intelectual, entretanto deixou claro que para consecução de seus objetivos está disposto a construir alianças com pessoas que ele sabe desonestas, sem escrúpulos, demagogas e mentirosas. Vitória a qualquer preço é tão ou mais imoral que a prostituição. É pena.
Latejam-me na cabeça os ensinamentos repetidos de meu pai, a desaconselhar companhias: “Dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és”.

3 comentários:

Jordi C disse...

Muito bom o texto.
Importante mostrar que e possível compatibilizar ética e política.
Pena que os dois exemplos escolhidos nao sejam mais tao recentes.

Um desafio, cite outros dois exemplos, mais recentes.

Atalaia disse...

Caro Jordi,
Temos exemplos sim. José de Alencar viveu segundo seus princípios e nunca relutou em criticar o próprio governo que ajudou a eleger. Luciana Genro pode ser outro exemplo. Se considermos a coragem para defender destemidamente projetos que acredita temos Luiz Henrique e Francisco de Assis, Marco Tebaldi, Mauro Mariani e um iniciante - Patrício Destro, que espero náo se tresmalhe

Sergio disse...

A Ponte e a Fila
A HISTÓRIA DE UM FILHO DA PUTA HONESTO





Resumo
O grau de honestidade, de certa forma, sempre foi tratado como um tabu. A esperança em encontrá-lo de forma satisfatoria nas outras pessoas é o que fazem alguns não enterra-lo dentro de si próprio de uma vez por todas. Ninguém quer ser vitima dos desonestos, mas, às vezes, fazem vitimas para os iguais.




Autor
Sufi, Sergio

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Detalhes
Em nossa contemporaneidade, mas no passado distante, Laura Santos, uma órfã abandonada no portão de um convento, ainda bebê recém-nascido, foi encontrada pela irmã Sofia, uma freira, que com a ajuda de outras irmãs a criou e a educou dentro dos princípios cristãos. Aos seus dezessete anos, em uma investida de caridade, Laura conheceu Rebeca, uma drogada, interna em um hospício. Laura, em sua ingenuidade, achou ter encontrado uma amiga, porém, Rebeca a desvirtuou dos caminhos e das práticas cristã, levando-a a prostituição. Já pós-Balzaquiana, e conhecendo os dois lados da vida, resolve dar um sentido à sua existência, concebendo um filho e ensinando-o, na sua concepção, o lado mais compensador da vida, pela sua experiência. O certo é que o menino foi aprimorado e se tornou o filho de uma puta honesto! Mas, mesmo na fase adulta, seus empreendimentos eram escassos. Formado em história, vivia conspirando contra a própria história da humanidade; sempre reinventava interpretações, que embora lógicas, não tinha como prová-las. Nos fatos históricos, que podiam ser temperados com profecias, para cada acontecimento, como marco na humanidade, criava hipóteses em forma de teorias, que ele norteava como certa, ainda mais quando essas podiam ser recheadas de algo divino, nestes acontecimentos. Quando perde a mãe por uma doença terrível, desenvolve em si um estado de inércia que nada parecia ter a menor importância. Assim, algo extremamente cotidiano o desperta para vida. Então, resolve ser um político, como forma de ocupar-se e trazer um novo sentido para a sua existência. E daí? Um filho duma puta honesto ele conseguiu ser! E agora como político! Será que ele conseguirá ser um político honesto? Esta é a historia de A Ponte e a Fila!
Informação Adicional
A VENDA NA SARAIVA
Autor Sufi, Sergio
ISBN 978-85-7923-251-0
Páginas 243
Formato