Estamos
cansadas de ler as bem intencionadas Declarações universais de direitos
humanos, Objetivos do Milênio e tantas outras mais – estes documentos trazem em
seu conteúdo um consenso universal de que nossas crianças precisam ter acesso a
nutrição, saúde e educação – condição “sine qua non” para sobrevivência e
progresso. Entretanto muito pouco se progrediu neste campo.
Esta
reflexão se destina àqueles que estão convencidos que o mundo atual não
representa uma herança de nossos pais, que pode ser degradada, mas um
empréstimo de nossos filhos. Temos que devolver a eles algo melhor que
encontramos. Temos que olhar para frente, ficar indignados com a violência,
exclusão social, fome, miséria, conflitos, desrespeito a condição humana, guerras
inexplicáveis motivadas por inconfessáveis interesses econômicos onde jovens
são mortos em defesa de interesses espúrios!!.
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A revolução
americana – “jamais fortalecerás os fracos por enfraqueceres os fortes” - e a revolução francesa com a queda da
bastilha, acenderam uma chama indelével na mente humana de promessas de
“liberdade, fraternidade e igualdade” direitos humanos - ate hoje
desrespeitados - porem nascidos do iluminismo, ainda latente, com forte apelo
na vontade humana de participação democrática.
O estadista
que pretender determinar ás pessoas de que maneira elas devem empregar seu
capital, não apenas estará se sobrecarregando com um cuidado desnecessário, mas
assumirá uma autoridade que jamais poderia ser seguramente confiada a uma
simples pessoa, nem também a qualquer conselho ou senado, e que em nenhuma
parte será tão perigosa como nas mãos de um homem que tem bastante insensatez e
presunção para julgar-se apto a exercê-la.
Cada pessoa,
como diziam os estóicos, deve ser primeira e principalmente deixada ao seu
próprio cuidado; e cada pessoa é certamente, sob todos os pontos de vista, mais
apta e capaz de cuidar de si do que qualquer outra pessoa. Trabalhadores
precisam de se alimentar e ter acesso aos sistemas de saúde e educação para que
esta força de trabalho não se destrua – não faz sentido embutir isto no
salário, pois a fome das pessoas não é uma variável de mercado, mas uma
necessidade biológica. Trabalho humano é um processo de transformação de
energia humana em energia física ou intelectual e para que esta transformação
ocorra é preciso que nutrição, saúde e educação estejam asseguradas a priori e
não embutidas no salário. Tal qual um veiculo precisa de combustível para
trafegar.
Como disse o
escritor francês Victor Hugo: “Fazemos caridade quando não conseguimos impor a
justiça”. Porque não é de caridade que necessitamos. A justiça vai às causas; a
caridade, aos efeitos. Responsabilidade social, sustentabilidade, equilíbrio
ecológico – são as palavras chave – algo como um pensamento cheio de desejo,
porém ninguém aponta como efetivar isto.
A humanidade
precisa, antes de qualquer coisa, se libertar da submissão a slogans absurdos e
voltar a confiar na sensatez da razão.
Qualquer que
seja sua visão de democracia, nunca a sorte dos governados pode depender da
virtude dos governantes. Além do sufrágio universal e imprensa livre, a redução
dos recursos em poder de uma elite dirigente, devem ser os critérios para
qualificar democracia.
Afinal, o
que deu errado? Como podemos corrigir isto? Certamente não existe o ser humano
capitalista e o socialista. O governo é uma instituição economicamente inviável
porque sua receita e despesa são determinadas por atos de vontade humana. A
economia é uma ciência cujas técnicas são válidas e aplicáveis quando a vontade
dos agentes econômicos é limitada por uma lei natural de oferta e procura.
Certamente o
empresário não ira agir por filantropia, é o pleno emprego produtivo que será o
fiador deste Acordo de vontades – a dinâmica da economia ira conduzir ao pleno
emprego onde a supervisão governamental não será mais necessária.
Essas
reflexões cabem a todos aqueles que detêm responsabilidades e acreditam que
temos a obrigação de entregar um mundo melhor para nossos filhos, netos e
próximas gerações. A fome não pode esperar e as crianças que nascem hoje tem o
direito natural de serem alimentadas, e terem acesso aos sistemas de saúde e
educação. Antes que seja tarde demais é preciso humanizar o mercado para
merecer o amanhã.